quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Taça III

Portugal, 27 de Abril de 2011

Para terminar este sequência de opiniões sobre a derrota na Taça, falo do modelo de jogo do Benfica.

Ao contrário da crítica dita especializada, há muitos anos que penso que o nosso modelo de jogo tradicional, de propensão ofensiva, com 1 trinco, 3 médios sendo 2 médios alas e 1 dito organizador de jogo, mais 2 avançados relativamente móveis, é um modelo destinado a perder – em condições normais – 5 em 10 jogos com o FCP. Em condições anormais (com erros de arbitragens) perdemos 9 em 10.

A explicação é relativamente simples, pelo que não percebo porque não se fala deste tema. De facto o FCP actual joga com 1 trinco, 2 médios volantes e 3 avançados móveis, sendo que 2 jogam pelas alas e 1 pelo meio do terreno. Este modelo só na teoria é de propensão ofensiva, uma vez que quando não tem posse de bola, o FCP consegue com naturalidade meter 10 jogadores atrás da linha da bola. Nestas condições há menos linhas de passe para o adversário e mais probabilidade de serem desarmados, pois a densidade de jogadores em posição defensiva é grande, e pontualmente superior até à densidade de jogadores adversários em posição ofensiva.

Qualquer perda de bola dá regra geral, origem a contra ataques perigosos que têm uma boa eficácia, já que regra geral dão em golo. Porquê? Porque os adversários, neste caso os jogadores do Benfica que estão em posição ofensiva, até se reposicionarem em posição defensiva adequada, precisam mais tempo do que os do FCP para chegar à nossa baliza, já que a partir do momento que se aproveitam de uma bola perdida ou roubada, correm de imediato – e de frente para a baliza - em direcção ao nosso meio campo. Enquanto os nossos jogadores têm de inverter o sentido de corrida, voltando-se e correndo em direcção ao nosso meio campo, e tudo isto consome muitos segundos. Ora em cada segundo um jogador de futebol pode facilmente correr 3 a 4 metros, pelo que qualquer segundo ganho pelos jogadores do FCP depois de roubarem uma bola, devido ao seu posicionamento avançado no terreno, dá aquele aspecto que nos leva a perguntar: onde anda a nossa defesa e porque não está “ali” o meio campo?

Neste jogo da Taça, Jesus foi acusado de não ter colocado os melhores jogadores em campo. Uma táctica habitual na comunicação social, para lavarem os erros de arbitragem que uma vez mais favoreceram o FCP. Ora implicam com os jogadores e posições ocupadas, ora implicam com a táctica e se não houver reparos em nenhuma destas categorias de problemas, atiram que “o Benfica jogou mal” ou “não mereceu mais”. É do manual do jornalismo: desviar atenções do essencial (arbitragem).

Ora considerando impedimentos e lesões, Jesus apenas fez uma opção que fugiu à “lógica” e que foi não alinhar Aimar de início. A prova que esta acusação contra Jesus é gratuita, grosseira e programada, é que nos 4 jogos anteriores disputados com o FCP (Supertaça, 2 para o Campeonato e 1ª mão da meia-final da Taça), o único jogo que o Benfica ganhou ao FCP foi o único que Aimar não jogou (por indisposição)!

Quer isto dizer que ninguém, em bom rigor, poderá assacar as causas da derrota à falta de Aimar! E portanto ninguém pode em bom rigor acusar o treinador de ter “errado”.

Também não quer o dizer que Aimar seja um jogador descartável, nada disso. O que quero reflectir é que Aimar pode acentuar as dinâmicas de jogo ofensivo, o que depois causa os problemas de contra ataque que bem conhecemos (e que se repetiram no jogo anterior em casa do PSV). Agravados com a intervenção do manual dos árbitros, que na dúvida apitam contra o Benfica ou a favor do FCP como preferirem.

A crítica ao modelo de jogo do Benfica - neste jogo em particular - é infundada, sendo as razões da derrota, bem pelo contrário, assacadas à incapacidade que o Benfica demonstrou na 2ª parte, para se encaixar no jogo do FCP, como tinha feito na 1ª parte. E essa incapacidade resultou da falta dos 2 médios ala, criativos, velozes e com razoável capacidade defensiva, resultou de querermos dar mais velocidade aos processos ofensivos e foi numa perda de bola que resultou o contra ataque que originou o 1º golo. Tudo o resto, foi da responsabilidade do árbitro Carlos Xistra.

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