quinta-feira, 23 de junho de 2011

Balanço das modalidades de pavilhão II

Portugal, 23 de Junho de 2011

Na continuação da avaliação dos resultados obtidos pelas modalidades de pavilhão na época que agora findou, hoje debruço-me sobre as duas modalidades que ficaram claramente abaixo das expectativas: o Vólei e o Futsal.

Vólei – desempenho mediano. Nota 3+. Vitória na Taça de Portugal frente ao Sp. Espinho, derrota no playoff do título com o AJ Bastardo. Se há modalidade em que fica evidente que uma equipa pode ser melhor que as outras mas não ser campeã porque falhou nos derradeiros episódios da época, o Vólei do Benfica é o exemplo por excelência. Fomos claramente melhores na fase regular. Fomos claramente melhores na 2ª fase. Tivemos apenas 2 derrotas no conjunto destas duas fases. Contudo perdemos o título, uma semana depois de vencermos com clareza (embora com dificuldades) a Taça por 3-0 frente a uma equipa de mais pergaminhos na modalidade, o Sp. Espinho. Terá funcionado algum excesso de confiança que se transformou em sobranceria? Julgo que sim. Vi parte do 1º jogo do playoff, que perdemos por 1-3, e em dois dos sets, o resultado ultrapassou os 25, tendo a nossa equipa tido algumas bolas de set. Que não concretizou. Por ansiedade? Creio que sim. A sobranceria é inimiga da concentração e estimula a ansiedade dos jogadores.

Recordo que na época passada, o treinador Jardim afirmou antes da final da Taça, que íamos a Coimbra ganhar a Taça para a dedicar aos adeptos. O blá, blá do costume. Resultado: perdemos 3-1 com o Castelo da Maia. Curiosamente após essa derrota, começamos bem o playoff do título, à melhor de 5, e ganhamos os 2 primeiros jogos ao Espinho. Neste caso, penso que a sobranceria foi derrotada na Taça e a equipa foi humilde e competitiva no playoff do título, aproximando-se do seu real valor.

A sobranceria ou a falta de humildade é uma característica que frequentemente existe entre nós, seja pela facilidade como vencemos as fases regulares, seja pela natureza da nossa história, seja pela conjugação das duas.

Futsal – desempenho mediano. Nota 3-. Não dou nota negativa porque estivemos nas 4 finais que podíamos estar: UEFA Futsal Cup, Taça, Campeonato e Taça intercontinental (esta por estatuto). Falhamos apenas a Supertaça por não termos ganho nem o Campeonato nem a Taça. Se está banalizada a afirmação que as “finais são para ganhar”, também não é menos verdade que para as ganhar é preciso estar lá, ou seja, é preciso fazer um longo caminho de sucesso. E nós fizemo-lo no Campeonato (vencedores da fase regular sem derrotas).

Tenho uma certa dificuldade em falar do Futsal porque pensei que podíamos ganhar no mínimo o campeonato. Depois, vendo bem, os números devem fazer-nos reflectir. Nos dois últimos anos, um com Ricardinho e André Lima a treinador, outro com o treinador campeão no SCP mas sem Ricardinho, fizemos 7 jogos com o SCP na final do playoff. Ganhamos 1 jogo! Nos restantes, estivemos em vantagem por 4 vezes. Em 3 delas, a vantagem vigorava nos últimos 5 mn. Acabamos por empatar todos estes jogos, perdendo-os no critério de desempate: prolongamento ou penaltys. 4: é obra.

Mas se contabilizarmos as duas finais da Taça perdidas, frente a Belenenses e SCP, estamos na mesma: 2 empates que no prolongamento deram derrotas. A diferença é que com o SCP fomos nós a recuperar de 0-2 para 2-2 nos últimos segundos. Raro.

Se incluirmos o último título conquistado, 3-2 frente ao Belenenses, percebemos que as nossas vitórias dão muito trabalho. O Belenenses podia, inclusivamente ter ganho o título no jogo 4, em sua casa, mas aí o Benfica deu uma resposta de campeão e depois de estar a perder 3-0, ganhamos 6-3. Mas não são dificuldades a mais? Acho que são ...

A minha opinião é que (1) o Benfica não sabe defender, os jogadores são “formatados” durante toda a época, pela cultura reinante do clube, de ganhar pelo ataque e não pelo equilíbrio entre os processos defensivos e atacantes, (2) os jogadores do Benfica não são duros a meter o pé nos processos defensivos e (3) houve alguma sobranceria, mas ao contrário do Vólei, aqui a sobranceria foi activa. Foi assumida no discurso de alguns intervenientes. Destaco o Davi que afirmou que queria ser campeão em Loures.

Os resultados obtidos no Futsal deviam fazer-nos pensar sobre se o problema é o modelo de jogo, se são os jogadores, se é a cultura reinante no clube que prepara de forma errada a mentalidade dos jogadores.

E neste ultimo aspecto, a interferência da Benfica TV deve ser ponderada. Não me parece correcto, para a questão da concentração, fazerem longos programas antes das competições. Depois delas sim. Antes, nunca.

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