sábado, 18 de fevereiro de 2012

Champions no congelador

Portugal, 18 de Fevereiro de 2012

O Benfica perdeu o jogo da 1ª mão com o Zenit e ao contrário do que a generalidade da comunicação social afirmou, bem como alguns analistas da Benfica TV, não foi um bom resultado para nós. Bom resultado teria sido ganhar. O empate com golos seria um resultado positivo.

A derrota foi pois um resultado negativo. Porque o adversário vem a nossa casa dependendo de si próprio, já que é mais fácil destruir, do que construir jogo. Eles podem destruir porque o empate serve, nós temos de construir para tentar marcar o golo que precisamos para os eliminar. Não será fácil.

Um dos factores que vai pender para o Zenit foi ter ganho este jogo disputado em condições extremas e que os favoreceram embora, erradamente, Jesus antes do jogo tenha feito questão de dizer que estávamos preparados mentalmente para as condições do jogo. Depois do jogo teve de se desdizer. Também se passou a ideia que o Benfica estava mais preocupado com o frio do que com o Zenit, outro erro de abordagem ao jogo.

Esta forma de abordar o jogo desconsiderou o valor do adversário, que é um bom adversário. Eliminou o FCP com 3-1 na Rússia e 0-0 fora. E mesmo que a nossa rivalidade sugira que esse FCP estava em baixo, isso não pode desvalorizar o Zenit porque nunca é fácil jogar contra uma equipa mais experimentada nesta prova. Ora o Zenit tem menos participações do que nós na fase de grupos da Champions, com este modelo competitivo em que participam clubes não campeões, e talvez tenha passado apenas 1 vez aos oitavos de final (2 com esta, tal como nós!).

Como se poderá concluir, é uma equipa com um pouco menos experiência do que o Benfica, mas que ainda assim eliminou o FCP que tem muito mais presenças, logo está mais habituado a lidar com a pressão própria da competição. Por isso o Zenit teve muito mérito.

Dada a temperatura que se previa para o dia do jogo, - 15 ºC, previa-se que este se definisse nos pormenores. E se a habituação pendia para o Zenit, por ter mais rotinas de jogo nessas condições de jogo, do nosso lado impunha-se fazer apelo à concentração e ao rigor táctico. Ora não me parece que isso pudesse ter sido conseguido fazendo os apelos que foram feitos.

Os que têm a paciência de me ler ao longo dos meses, percebem que tenho uma especial tendência para evocar pormenores, e faço particular ênfase no discurso do treinador porque funciona como orientador para a atitude dos jogadores. Houve momentos em que o Zenit foi superior no colectivo, do que nós, e a minha explicação não passa exclusivamente pelo frio mas sim por alguma desconcentração da nossa parte. Fruto do discurso prévio do treinador? Não sei, mas dou-lhe alguma quota de responsabilidade.

Se atentarmos nos golos 1 e 2 do Zenit percebemos que o colectivo deles funcionou na maravilha, pois com 4 jogadores na área contra 6 nossos, e jogando ao primeiro toque (o que não dá hipóteses à defesa) conseguiram o objectivo. Nós para marcarmos o 2º golo tínhamos 5 jogadores na área para 6 deles. Não só se conclui que eles tiveram boa organização de jogo associada a uma elevada qualidade dos seus jogadores (Zenit tem orçamento superior ao nosso seguramente), como se pode especular sobre a forma de jogar de cada uma das equipas: nós metemos sempre muitos (demasiados?) jogadores na área adversária, enquanto eles conseguem marcar golos com menos jogadores, logo com menos propensão ofensiva.

Isto não acontece por acaso e há anos que me tenho batido contra essa mania dos “15 mn à Benfica” que tantos maus resultados (nestas provas mais difíceis) nos tem trazido. Maus resultados não porque os jogadores ou treinadores sejam maus, mas porque esse sistema de jogo de pressão alta, está ultrapassado e raramente é utilizado (excepção talvez ao Chelsea-Inter de há 2 épocas atrás).

A 2ª mão com o Zenit vai ser um jogo difícil, por culta da derrota na 1ª mão. Para eliminarmos esta equipa teremos de jogar muito bem, com paciência, sem ansiedade, com uma táctica equilibrada entre sectores pelo que a minha favorita seria o 4-2-3-1, e com a noção clara que teremos de ser muito rápidos nas transições ofensivas. Espera-se um público também paciente, a parte mais difícil ...

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