terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Xistrados

Portugal, 21 de Fevereiro de 2012

Comecei o último texto aqui publicado da seguinte maneira: “nos últimos tempos temos lido diversas coisas bastante favoráveis ao nosso Glorioso clube. Ora são os mais de 230 mil sócios que constitui recorde mundial de afecto clubístico, ora são os mais de 1 milhão de adeptos ligados no Facebook ao clube, ora são as receitas que nos colocam no 21º lugar mundial (e melhor clube português), ora é o Sr.º Vieira que tem excelente capacidade negocial, ora é a nossa equipa que pratica o melhor futebol da Liga, enfim, são tantas coisas boas que não sei bem porque estou com medo à arbitragem de Carlos Xistra no jogo de mais logo”.

Parecia que estava a adivinhar ...

Já hoje tive uma conversa interessante com um consócio e amigo benfiquista, onde ele defendeu que não nos podemos justificar com Carlos Xistra, porque também jogamos mal, porque quase tudo saiu mal, porque cometemos erros, etc. Ao contrário de mim, que defendo que com outro árbitro, os erros próprios poderiam não impedir um resultado positivo (é essa a minha convicção).

Cito este exemplo de uma pessoa que sente e sofre pelo Benfica, se calhar, mais do que eu, porque é nesta sua reacção, sincera e genuína, que tem estado um dos maiores problemas do Benfica. Quando perdemos, damos sempre uma enorme volta na análise para concluir que os erros próprios se sobrepõem – salvo raras excepções - aos erros do árbitro. É assim há mais de 20 anos.

Raramente conseguimos ligar o tipo de arbitragem, com o tipo de exibição. Porque raramente conseguimos perceber que um árbitro não condiciona apenas nos cartões que mostra ou não mostra, nas grandes penalidades que marca ou não marca. Mas também no número, tipo e local das faltas que assinala, ou não assinala. E muitas delas são “invisíveis” ou porque se situam no meio campo, ou porque nos apercebemos que “ali” devia ter sido assinalada falta, mas “além” não, e o árbitro consegue fazer precisamente o invés, dependendo da equipa que quer beneficiar. Ou prejudicar.

A análise da estatística nem sempre ajuda a ver este problema. De acordo com a LPFP, Xistra assinalou 16 faltas contra o Benfica (teremos feito todas estas faltas?) e 13 contra o Guimarães (terão feito “apenas” este numero de faltas?). Assinalou 12 cantos a favor do Benfica e 2 a favor do Guimarães. Terá interrompido algumas jogadas resultantes do canto por suposta falta do Benfica, prejudicando o nosso movimento ofensivo? Sim? Não? A estatística não diz.

A falta assinalada contra o Benfica e que deu golo (cá está a pergunta: teremos feito todas as que foram assinaladas?), noutros países e até nas provas europeias, raramente é marcada. Se nem assim conseguimos ver como um lance “inocente” pode ser “fabricado” e dar um mau resultado, então é melhor desistir de falar de árbitros e arbitragens.

Depois podemos passar à parte dos erros próprios. Aqui convém salientar que o Benfica pode perder como qualquer outra equipa, logo por cada derrota existirão sempre erros próprios. Mais ou menos. Mas existirão sempre. E se nós quisermos, podemos falar sempre deles e não das más decisões do árbitro, quando existam. O que dá jeito a quem quer estas arbitragens de manual.

Neste capítulo saliento a adopção da táctica preferida dos adeptos dos “15 mn à Benfica”, ou seja, o 4-4-2 em losango, com 2 médios ala, 1 playmaker, 2 avançados mais ou menos móveis, ou seja 5 jogadores de propensão ofensiva que geram dinâmicas de jogo atacantes, mas desequilibradas defensivamente.

Há muito que me manifesto contra esta táctica porque comporta riscos defensivos que são aproveitados pelos árbitros (e voltaram a ser no lance que resultou no golo). Mais a mais quando temos o nosso trinco de eleição Javi, lesionado, quando temos de jogar no terreno de um adversário de qualidade e para o seu lugar entra Matic que já vimos não ser um trinco, pois não é fácil ter mobilidade e capacidade de choque com 1,96m de altura. Fora o resto, como capacidade de leitura ou organização de jogo, etc.

Jesus disse que teríamos que ser perfeitos, mas escolheu a táctica imperfeita. Com os jogadores disponíveis, deveríamos ter jogado em 4-2-3-1 com Witsel no lugar de Rodrigo. Teríamos outro posicionamento defensivo, não daríamos tanta margem de erro ao árbitro, provocaríamos o adiantamento do Guimarães no terreno para gerar espaços na sua retaguarda. Daria para ganhar? É minha convicção que dava para não perder. Mesmo com Xistra ...

Árbitro ou erros próprios? 60% árbitro, 40% erros próprios... 3ª derrota consecutiva com arbitragem de Xistra ...

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