terça-feira, 24 de junho de 2014

O granel...



Portugal, 23 de Junho de 2014

Depois da humilhação frente à Alemanha, o grupo de excursionistas também conhecido por Selecção de Jorge Mendes, para alguns, ou Selecção de Portugal, para a maioria, conseguiu evitar a eliminação da fase seguinte no 2º jogo, com um golo marcado aos 95 minutos de jogo. 

Ao contrário do 1º jogo onde o adversário foi a sempre poderosa Selecção da Alemanha, desta vez o adversário está colocado no ranquing da FIFA umas posições abaixo de Portugal, mas quem estivesse a ver o jogo pensaria o contrário: que Portugal estava a alinhar de branco...

Gostei de ver jogar... os americanos. Equipa certinha, espírito de grupo, futebol diversificado e apelativo, trocam bem a bola entre todos dando a sensação que as jogadas são pensadas em função dos interesses da equipa. Já Portugal apresenta um futebol aos repelões parecendo-me haver mais preocupação em orientar o jogo para Ronaldo do que em jogar para a equipa. Sempre que há uma jogada de ataque parece que todos se preocupam em colocar a bola na zona de Ronaldo em vez de tentarem escolher a melhor jogada para a equipa.

Portugal ou melhor, a Selecção de Jorge Mendes, está à beira do regresso a casa. Confesso que terei prazer nisso porque como em tudo na vida, os “maus” não podem ficar a rir-se. E os “maus” aqui são todos os interesses que parasitam a Selecção Nacional. Desde os interesses publicitários aos interesses de clubes e empresários de futebol, que vêm na Selecção uma oportunidade para valorizar os seus produtos: seja o Linic, a GALP e o BES, seja a cotação dos jogadores. A Selecção devia representar o país e não estes interesses...

Podemos afirmar que com grande probabilidade, se a Selecção não estivesse atacada de muito tipo de interesses parasitas, teríamos melhores resultados. Dou como exemplo o Euro 2000, com Humberto Coelho e alguma liberdade de actuação conquistada pelo flop Artur Jorge/FCP na campanha para o Mundial de 1998. Ou Scolari no Euro 2004 e a boa reforma da Selecção que fracassara na Coreia do Sul em 2002 com Oliveira/Mendes/FCP, com muitos sinais de amadorismo que se conheceram depois da “barraca” do não apuramento num grupo acessível.

A campanha do mundial de 2006 também foi muito positiva, ainda com Luís Figo, apesar de Scolari mostrar sinais de fraqueza relativamente ao “sistema”, sinais que se acentuaram no Euro2008, onde nos apuramos em 2º lugar com uma derrota frente à Suiça, e depois fomos eliminados 3-2 pela Alemanha.

Uma Selecção em que os interesses exteriores, laterais ou complementares ao futebol se sobrepõem à lógica intrínseca do grupo futebolístico, nunca pode ter sucesso. Mas em particular na FPF e comunicação social acham que sim. E depois o único “paga” é o treinador. Lembremo-nos do desgaste com que Scolari saiu, dos problemas com Queiroz e agora do inevitável despedimento de Bento.

Muda-se de seleccionador mas ficam a GALP, o BES, o Linic, a Sagres, etc, o Jorge Mendes e o Ronaldo... Ou seja, muda-se de seleccionador para ficar tudo na mesma... 

Sobre Ronaldo vou citar algumas das suas afirmações, e cada um fique no que lhe parece. A mim já me parece há muito, desde 2004 quando substituiu Simão no 1º jogo frente à Grécia, que Ronaldo é um rapaz que teve sorte na vida e que ganha demais para o que joga e para o que pensa.

«Temos de ser ambiciosos mas ir um passo de cada vez. Não somos favoritos e isso é bom para nós. Temos de ser realistas. Não somos favoritos mas no futebol tudo é possível. Temos de pensar jogo a jogo. As coisas irão correr bem, sou uma pessoa positiva. Sinto uma onda positiva à volta da selecção», afirmou o craque português em conferência de imprensa. Ronaldo em ABOLA 15-06

«Temos que ser humildes e saber a capacidade que temos. Neste momento, há melhores selecções e melhores jogadores que os nossos. Somos uma equipa média, se calhar, sim. Seria mentir se dissesse que éramos uma selecção de topo. Temos limitações, lesões... Temos uma equipa limitadíssima». Ronaldo em ABOLA 23-06

Entre o antes dos dois vexames e o depois dos dois vexames vemos um jogador que para além de bater recordes de contratos de publicidade, também é contorcionista nas palavras. E é o capitão da Selecção para o qual todos jogam. Ganhar um jogo importante da dita Selecção nestas condições é tão raro como ver Ronaldo marcar 1 golo em fases finais...

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