sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

E depois do adeus...



Portugal 12 de Dezembro de 2014

Da eliminação do Benfica da Champions e da Liga Europa já disse o que tinha a dizer, salientando a maior responsabilidade da Direcção que empobreceu o plantel e programou pessimamente a pré temporada, com um conjunto de desafios que mais não foram que um engodo para obter “cachets”.
Este é o Benfica do “sabemos para onde vamos, é difícil mas vamos chegar lá com a ajuda de todos”.
Restam algumas curiosidades, sempre interessantes. O Benfica fez 4 pontos com a equipa que se classificou em 1º lugar do grupo, o que reforça a tese do mau planeamento, pois os jogos com o Mónaco foram os 3 e 4 ou seja, quando a equipa já tinha algumas rotinas de jogo e partia para esses dois jogos sem grandes responsabilidades devido às duas derrotas nas primeiras duas jornadas.
Para os que me podem apontar incoerência na argumentação, antecipo e explico: se tivéssemos o plantel da época passada, admitindo-se a venda de um ou dois jogadores fundamentais, a qualidade da pré-temporada já não era determinante porque as rotinas de jogo eram de todos conhecidas.
Outra conclusão que reforça a tese do mau planeamento é a constatação que o Zenit apenas ganhou 1 jogo fora de casa e foi na Luz, no primeiro jogo da fase de grupos. Enquanto o Zenit se apresentou com a equipa base da época passada reforçada com o Garay e o Javi Garcia, e com mais jogos oficiais realizados, o Benfica apresentou-se com uma equipa reconstruída e sem rotinas de jogo em alguns sectores, o que explica o erro do penalty e expulsão de Artur, erros que impediram a equipa de lutar pelo resultado.
Os 3 pontos perdidos frente ao Zenit na 1ª jornada foram determinantes para o desfecho que conhecemos: 5 pontos em 6 jogos que nas últimas épocas apenas é suplantado negativamente por Quique Flores com 1 ponto em 4 jogos, na fase de grupos da Liga Europa (modelo anterior). Ou seja, retrocedemos 6 anos com as últimas opções de gestão da equipa do Srº Vieira.
Mas há mais curiosidades. O Mónaco saindo do pote 4, ficou em 1º lugar. O Bayer saiu do pote 3 e ficou em 2º lugar. O Zenit saiu do pote 2 mas ficou em 3º lugar e o Benfica saindo do pote 1 ficou em 4º lugar. Classificação completamente invertida face à qualidade dos potes que não se confirmou, mas que confirma de certo modo, a lógica dos orçamentos.
Destas 4 equipas apenas o Benfica, clube/SAD com menor orçamento, se apresentou com uma profunda reestruturação na equipa. O Zenit apresentou-se reforçado, o Mónaco perdendo dois jogadores nucleares como Falcao e James, teve ainda assim Berbatov, e o Leverkusen apresentou grosso modo a equipa da época passada. Ter o menor orçamento e alterar meia equipa (incluindo as alternativas do banco), foi um suicídio futebolístico. “Sabemos para onde vamos...” diz o Sr.º Vieira...
Em 6 jogos marcamos 2 golos (!) e sofremos 6, sendo que 5 (!) dos golos sofridos foram-no nos primeiros dois jogos (falta de entrosamento mais alteração da equipa). Quem continua na BTV, rádios e jornais a defender as opções da Direcção, ou recebe dinheiro para estar nesses programas/colunas de opinião e defende quem lhe paga, ou sofre de autismo em grau acentuado...
No ataque ficou evidente que Lima não é avançado para as responsabilidades de uma Champions, e que Derley por ser o 2º melhor marcador do campeonato passado, não encaixa numa equipa que joga no máximo. São esforçados, dão (assim-assim) para as necessidades internas, mas estão longe do que precisamos para fazer provas na Champions ao nível dos nossos pergaminhos. Quem não percebeu o que quis dizer quando escrevi o texto “Fim de uma era”, dedicado a Cardozo, agora já percebe, pela crueza dos resultados.
Aliás Lima é o paradigma da cultura de 2ª divisão reinante no Benfica de opinadores e adeptos que sabem tudo, mas afinal não sabem nada! Cardozo pelo seu jogo posicional e alta eficácia era desconsiderado por ser lento e falhar muitos golos. Diziam esses entendidos! Lima pela sua velocidade era mais elogiado. E marcava mais golos, esquecendo como eram marcados: com auxílio dos posicionamentos de Cardozo que segurava um ou dois defesas e com isso abria linhas de passe para outros rematarem.
Lima tal como Nuno Gomes ou Mantorras, eram jogadores muito queridos dos adeptos. Porque também eram queridos da comunicação social (há sempre uma relação entre o que se escreve e diz, e o que os adeptos pensam e sentem). Jogadores que se caracterizam pela mobilidade. Não pelos golos! Cardozo nem tanto. Porque será que num clube que quer ser o “maior”, o jogo pensado é menos apreciado que o jogo corrido?
E depois do adeus? Há um jogo para ganhar no estádio da Galinha. Não sei como, mas é para ganhar...

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